Já
imaginaram que bacana seria poder aprender história através das músicas da sua
Banda preferida? Certamente já pensamos sobre isso várias vezes, principalmente
quando nossos professores, em algum momento, utilizavam músicas em suas aulas!
Pois foi com o intuito de unir o útil ao agradável que o professor de História
Alexandre Cavalcante (30) levou as obras primas dos Bardos para suas aulas.
Lecionando
desde 2005, para adolescentes de 11 a 18 anos, Alexandre conheceu o Blind
Guardian através de amigos, que já gostavam de Power Metal, em meados de 2002 /
2003. E de todas as bandas que vieram nesse pacote de descobertas, o BG se
tornou de longe a que mais costuma escutar. Conversamos com ele para saber como
surgiu a ideia e seus resultados.
BGB: Como surgiu a ideia de utilizar músicas do BG nas
aulas de História?
AC: A
ideia surgiu de tornar as aulas em algo além do GLS (giz, lousa e saliva). História
já é um tanto maçante pelo conteúdo em si, então tento sempre fugir um pouco a
regra, falar besteiras, curiosidades, para que a aula torne-se agradável e que
alguma coisa fique na cabeça da molecada. Quando tenho tempo uso filmes, mas os
filmes são pouco fiéis ao relato histórico e acabam tomando muitas aulas, pelo
menos duas pra exibição e a terceira pra tirar da cabeça deles todo o romance,
matança e as invenções mostradas em cena e trazer para o conteúdo em si. Músicas
são melhores de serem trabalhadas, são no máximo uns 5 minutos para escutar,
sobrando o restante da aula pra contextualizar com o conteúdo.
É
comum em história, usar músicas sobre ditadura militar, também me lembro de
escutar muito Rosa de Hiroshima quando era aluno e pensei, bem que poderia ter
músicas sobre toda a história, músicas boas (rs), e o Metal veio com toda força
em meus pensamentos. Já usei um clipe feito por fãs da Banda Sabaton (Primo
Victoria), os alunos não curtiram muito o som, a grande maioria não gosta de
Rock / Metal, mas ficaram intrigados com a letra e a relação com o Dia D. Esse
ano então resolvi ousar e unir paixões, minhas claro, em sala...Idade Média e
Blind Guardian.
BGB: Quais músicas você utiliza e qual é a relação
delas com o conteúdo lecionado?
AC: No
momento inicial eu uso The Script For My Requiem,
primeiramente para situar os alunos na Idade Média, mostrar que é um período
complicado devido aos Dogmas religiosos, assim como acredito que a música passe
o sentimento de confusão do homem medieval e já dá uma pincelada sobre Cruzadas,
que é o próximo conteúdo a vermos. Depois pretendo trabalhar Another
Holy War como um trabalho, para eles analisarem a letra e fazerem as
próprias ligações com as Cruzadas.
BGB: Qual é a reação dos alunos a esse tipo de aula?
AC: A
primeira reação deles é cara feia e os comentários são "Não dá pra entender nada do que eles falam", "Credo, música do demônio" ou
até mesmo "Nossa, essa música não
presta, vou te trazer outros gêneros pra você ver o que é música”
(Blasfêmia!!), mas a medida que vou lendo a letra com eles, relacionando com o
conteúdo e estimulando eles a pensarem nela como um poema e não como música,
alguns dão o braço a torcer, outros até pedem pra escutar novamente, mas no
geral eles preferem a música do que ficarmos só com livros.
BGB: Os alunos geralmente conhecem BG?
AC: Em
toda a minha carreira, desde 2005 na educação, encontrei apenas uma fã de
Blind, até ganhei um bottom dela, e pouquíssimos conhecedores.
BGB: Depois das aulas há algum interesse dos alunos
pela Banda, ou algum deles já se tornou fã?
AC:
Alguns pedem pra escutar outras músicas, outros tentam aprender a letra pra
cantar junto e sempre tem os “puxa-sacos” determinados a serem os maiores fãs
de Blind, mas só na minha aula (rs).
A
Equipe BGB agradece ao Alexandre por seu tempo, e claro, por disseminar as
músicas dos nossos Bardos por aí!
E
vocês, o que achariam de aulas diferentes como essas? Nós, fãs, somos sempre
suspeitos para falar, pois BG é perfeito em qualquer ocasião!!
Abraços,
Marilia Olher
“Look
behind the Mirror, I’m Lost in the Twilight Hall...”