Olá queridos bardos!
Em minhas andanças pela internet acabei encontrando algo que gostaria muito de fazer, mas sabia que daria muito, mas muito trabalho mesmo. E, como já fizeram e ficou realmente bom, não vou mais me dar o trabalho...rs.
Brincadeiras à parte, nosso amigo Aloysio França (que conheci após ler o texto do post), do Blog Megalomania fez uma resenha, ou um review, como preferirem, do grandioso álbum de nossos Bardos de Krefeld, o "Nightfall In Middle Earth".
Enfim, segue o trabalho feito. Vale a pena ler, ficou ótimo!
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Resenha detalhadíssima do "Nightfall In Middle Earth", por Aloysio França
O Nightfall In Middle Earth é incontestavelmente um dos mais bem sucedidos projetos da banda alemã Blind Guardian, e também de todo o universo Metal, não apenas por sua musicalidade primorosa e original, mas também pelo seu conteúdo. Não é desconhecido que todo o álbum é baseado na preciosa coletânea de relatos sobre os dias antigos da mitologia tolkieniana, compilada no livro chamado “O Silmarillion”. E é sobre isto que fala este texto.
Desde o lançamento do CD, em 1998, diversos fãs de Blind Guardian se tornaram fãs de J. R. R. Tolkien, e por sua vez, fãs de Tolkien passaram a ouvir Blind Guardian, desencadeando assim uma árdua busca pelos significados das letras do álbum. Eu, que pertenço ao primeiro tipo de fã citado acima, também fiz a minha parte. E de fato encontrei muita coisa, tanto através de pesquisas como lendo e relendo o livro. Descobri que existem diversos fãs que já fizeram esse tipo de análise comparativa entre as duas obras, mas nenhum deles procurou “dissecar” o conteúdo do álbum, ou seja, esclarecer cada detalhe das músicas, e por isso fui atrás do que a princípio seria uma pesquisa, e que depois se tornou um estudo.
As minhas fontes? Absolutamente tudo o que estava disponível no universo online e impresso. Infelizmente nem tudo o que está nas letras do CD é explicável. Ainda que tenha sido baseado n’O Silmarillion, as mentes criativas de Hansi e cia. não puderam se conter em criar algo de seu próprio espírito, atitude esta totalmente compreensível, afinal todo artista possui essa necessidade. E por este motivo, haverá trechos em que a analogia é tão metafórica que não parece pertencer à obra de Tolkien, mas que também não descontextualiza o material.
A seqüência das músicas foi disposta no CD em ordem cronológica, exceto pela primeira faixa, ‘War Of Wrath’, que pertence ao final da história. Em cada referência feita ao livro, foi adicionado o número da página para que o trecho possa ser consultado. Estão sendo frisados apenas os versos ou estrofes principais de cada música, e entenda como ‘principal’, aquilo que melhor representa o momento do livro.
É importante ressaltar que esta resenha apresenta spoilers do enredo da obra, e por este motivo, e também para a melhor compreensão de todos, é recomendável que você tenha lido O Silmarillion antes de ler o que está por vir.
A publicação utilizada nesta descrição foi a da editora Martins Fontes, lançada em 2009.
Espero que apreciem, aprendam, comentem, critiquem, corrijam, mas principalmente, se influenciem por qualquer um dos dois trabalhos, Nightfall In Middle Earth ou O Silmarillion, pois tais obras possuem riquezas artísticas do mais alto nível!!
War Of Wrath
A introdução do álbum traz ruídos de batalha e um diálogo entre Morgoth e Sauron. Relata a chamada Guerra da Ira, que é o momento em que o exército dos Valar marcha para Angband e ataca Morgoth e suas hostes com todas as forças (pg. 319). Tal ataque foi conseqüência das súplicas de Eärendil pelos que sofriam na Terra-média.
O diálogo não acontece no livro, mas é o que se supõe ter acontecido, pois Morgoth pressentiu a derrota quando se deu conta da magnitude da investida que estava sofrendo, e liberou Sauron para que fugisse, justificando assim a sobrevivência do futuro pior inimigo do universo criado por Tolkien.
Há uma pequena referência à Ungoliant no último verso: “She, the mistress of her own lust”. Há uma estória que diz que Hansi Kursh teria a princípio escrito o verso da seguinte forma: “She, that motherfucking giant spider” – e posteriormente mudou de idéia. Apenas o próprio Hansi poderia confirmar isto.
Into The Storm
Esta música retrata desde o momento em que Melkor passa a cobiçar as Silmarils (pg. 74), logo após sua libertação do Cárcere de Mandos (pg. 70), no Apogeu de Valinor, até o momento em que conclui sua vingança que consistiu em assassinar o Senhor dos Noldor, Finwë, roubar as Silmarils, e destruir as Árvores de Luz ‘Telperion’ e ‘Laurelin’ (pg. 85), em aliança com Ungoliant.
O nome da música, ’Into The Storm’, simboliza o fim do Apogeu de Valinor, quando Melkor começou a espalhar mentiras e corromper a mente dos Noldor, criando discórdia, somado ao incidente supracitado com as Árvores, conduzindo a história para um momento tenebroso, como se todos estivessem “entrando em uma tempestade”.
Na estrofe abaixo, é descrito o exato momento em que Ungoliant cobra de Melkor, referindo-se a ele como Blackheart (“Monstro cruel” na tradução de Waldéa Basrcellos pela Editora Martins Fontes), a dívida por tê-lo ajudado a cumprir seu plano, exigindo que lhe entregasse as Silmarils que estavam escondidas em suas gigantescas mãos (pg. 90).
“Blackheart show me
What you hold in hand
I still hunger for more
Release me
from my pain
Give it to me
How I need it”
Lammoth
Nesta faixa consta apenas o grito horrendo que Morgoth desferiu quando Ungoliant tentou matá-lo com sua nuvem negra e teias de tiras grudentas, em seu imenso formato monstruoso de aranha. Este grito ecoou pelas montanhas das terras ao norte do Estuário de Drengist, e por isso esta região foi chamada de Lammoth, que significa “Grande Eco” (pg. 90).
Nightfall
Todo o lamentar dos Eldar e dos Valar é descrito nesta música, pela destruição das Árvores que iluminavam Valinor, a Terra Abençoada dos Valar, transformando o mundo em uma imensa noite escura, causando uma sufocante agonia potencializada pela Antiluz de Ungoliant (pg. 85), assim justificando o título da canção. Fala também da rebeldia dos Noldor contra os Valar sob a liderança de Fëanor, o Espírito de Fogo, e sobre o primeiro derramamento de sangue na terra sagrada.
Na primeira estrofe, o verso “In floods of tears she cried” descreve a Valië Yavanna, responsável pela criação das Árvores de Luz, lamentando pela perda inestimável que acabara de ocorrer (pg. 87).
A segunda estrofe relata o momento em que Fëanor se pronuncia indignado por estar sendo pressionado a entregar as Silmarils aos Valar, para que com elas pudessem tentar restaurar as Árvores (pg. 88). Neste momento Fëanor ainda não tinha conhecimento de que suas gemas preciosas já haviam sido roubadas de sua casa por Melkor.
“Save me your speeches
I know what you want
(They blinded us all)
You will take it away from me
Take it and I know for sure
The light she once brought in
Is gone forever more”
O verso “It spilled the first blood; When the old king was slain”, fala do momento em que todos descobrem que Finwë, Senhor Supremo dos Noldor, havia sido assassinado por Melkor (pg. 88), tendo este sido o primeiro sangue élfico derramado em Aman, terra abençoada dos Valar. Após este ocorrido, Fëanor refere-se à Melkor como Morgoth, Sinistro Inimigo do Mundo, pela primeira vez, e assim ele foi chamado até o final da história.
“Nightfall
Quietly crept in and changed us all”
O refrão (acima) retoma o assunto da música ‘Into the Storm’, na qual Morgoth e Ungoliant chegam sorrateiramente para executar seu plano, e tornam a terra escura como a noite.
A quarta estrofe relata o exato momento em que Fëanor se rebela contra os Valar e faz um discurso com palavras cheias de ódio e orgulho (pg. 93), reivindicando para si o trono de rei de todos os Noldor. Suas palavras incendiaram as mentes e os corações de seu povo e fizeram com que o seguissem em sua jornada para fora das terras sagradas, buscando vingança contra Morgoth na Terra-média. Os versos “An oath we shall swear by the name of the one; Until the world’s end; It can’t be broken” falam da hora em que Fëanor faz um juramento com seus seis filhos, prometendo perseguir até o fim do mundo com vingança e ódio qualquer Vala, demônio, elfo ou homem ainda não nascido, ou qualquer criatura, grande ou pequena, boa ou má, que o tempo fizesse surgir até o final dos tempos, quem quer que segurasse, tomasse ou guardasse uma Silmaril, impedindo que eles dela se apoderassem.
Os versos “The words of a banished king; I swear revenge” também fazem parte do discurso citado. Fëanor é descrito aí como um rei banido, pois até então estava em exílio decretado pelos Valar.
No momento em que os Noldor finalmente partem em direção à Terra-Média, prestes a abandonar Aman, surge um arauto dos Valar dando um último aviso para que desistam de sua jornada, esclarecendo que são livres para ir embora, mas que seu caminho só trará desgraças. Este trecho aparece nos versos: “(But) freely you came and; You freely shall depart”
The Minstrel
Embora esta música não tenha informação suficiente para que se possa identificar com segurança a qual parte do livro ela se refere, sabe-se que o grande menestrel desse tempo era Maglor, filho de Fëanor, e que ele fez uma canção chamada Noldolantë, A Queda dos Noldor (pg. 99), logo após o Fratricídio de Alqualondë (pg. 99), pouco depois da partida dos Noldor de Aman. Este episódio associa-se adequadamente à cronologia seguida no álbum.
The Curse Of Fëanor
A quinta e bela faixa do álbum fala da volta dos primeiros Noldor para a Terra-média, das lembranças de Fëanor sobre o fratricídio dos Teleri em Alqualondë, e das palavras amaldiçoadas de Mandos delineando seu cruel destino (pg. 100).
“I will always remember their cries; Like a shadow which covers the light” – Estas são as lembranças sobre o Fratricídio de Alqualondë.
Toda a estrofe abaixo relata o momento em que Fëanor começa a entender o poder da Maldição de Mandos e o quanto ela poderia alterar o seu destino. Porém este momento jamais aconteceu de fato no livro. Fëanor sabia que estava condenado, mas em parte alguma ele demonstrou dúvida em seus atos, portanto subentende-se que este trecho pode ter sido acrescentado por capricho do Blind Guardian, e também para enfatizar o momento dramático do final da vida de Fëanor (pg. 129).
“Suddenly I realized
(Soon you will be free)
The prophecies
(Set your spirit free)
I’ve never believed in
No!
My deeds were wrong
I’ve stained the land
And slain my kin
(Burning Soul)
There’s no release from my sins
It hurts
THE curse of Fëanor runs long
Time and only time will tell us
Tell: was I right or wrong?
When anger breaks through
I’ll leave mercy behind”
Captured
Esta parte do CD relata a captura de Maedhros, O Alto, primogênito de Fëanor, por Morgoth para ser prisioneiro em Angband (pg 130).
Blood Tears
Nesta música é descrito o lamento de Maedhros em cárcere de Morgoth, pendurado no alto de um precipício nas Thangorodrin, as Montanhas da Tirania, pelo pulso da mão direita (pg. 130). Fala também de seu resgate feito de forma heróica por seu amigo Fingon, filho de Fingolfin, que decepou sua mão para que pudesse levá-lo de volta (pg. 133).
AS lágrimas de sangue não existem de fato, a não ser no título e no refrão da música, de forma a ressaltar de forma poética os momentos dramáticos vividos por Maedhros, enquanto refém.
Mirror Mirror
Esta épica e poderosa música conta a história da origem do reino oculto de Gondolin. Fala de como Turgon, filho de Fingolfin, descobriu a localização ideal para começar seu próprio reino, baseado em sua antiga moradia em Aman, Tirion, pois estava entediado com as terras do norte, além de ter sido alertado por Ulmo, o Senhor das Águas, a encontrar um lugar que fosse intransponível às hordas de Morgoth, pois o futuro prometia ser funesto.
A frase “Through dread and weary days” fala do momento em que Turgon se mostra cansado de viver em Nevrast (pg. 137).
A estrofe abaixo fala sobre a terra oculta descoberta por Turgon, que a princípio foi chamada Ondolindë no dialeto de Valinor, que significava Rocha da Música da Águia. Mas no idioma sindarin o nome foi mudado para Gondolin, cujo significado é Rocha Oculta (pg. 154). A única forma de entrar neste vale era por uma passagem que se situava nas profundezas, por baixo das montanhas que o circundavam.
“It lies unknown
The land of mine
A hidden gate
To save us from the shadow fall”
A estrofe seguinte conta como Turgon foi incentivado a buscar um lugar secreto por Ulmo, o Senhor das Águas, primeiro através de um sonho (pg. 137) e depois pessoalmente (pg. 139), insistindo que procurasse um lugar seguro para viver com seu povo.
“The lord of water spoke
In the silence words of wisdom
I’ve seen the end of all
Be aware the storm gets closer”
Quanto ao nome da música e refrão, há uma inconsistência para encontrar a referência literal no livro. “Mirror Mirror on the wall” de fato não existe na obra, nem nada que ligue este episódio a um espelho. Mesmo para uma metáfora, seu significado é vago. Segundo recentes explicações vindas da própria banda no encarte de ‘Memories Of A Time To Come’ o refrão foi criado para a música I’m Alive do álbum anterior e o resultado não havia sido satisfatório. Futuramente ela viria a se encaixar perfeitamente em Mirror Mirror, tanto que se tornou o título. Segundo a moderação do Fórum oficial do Blind Guardian, a letra original dizia “Shadow Shadow on the wall”, mas foi temporariamente alterada para Mirror Mirror, apenas para uma experimentação de estúdio. No entanto o resultado foi tão satisfatório que acabaram oficializando desta forma. O que fica claro é a referência que o verso faz ao emblemático trecho de Branca de Neve e os Sete Anões “’Magic Mirror on the Wall” que em alemão diz “Spiegel Spiegel an der wand” sendo a tradução exatamente igual ao refrão da música.
Já o restante dos versos são mais esclarecidos. “True hope lies beyond the coast” é o que Ulmo diz à Turgon quando este termina de construir o reino de Gondolin. Ulmo diz: “não tenhas, porém, amor em excesso pela obra de tuas mãos e pelas invenções de teu coração. Lembra-te que a verdadeira esperança dos Noldor está no oeste e vem do mar” (pg.154). Aí ele referia-se a Valinor em Aman, e os Valar. A frase “You’re a damned kind can’t you see” remete ao alerta de Ulmo à Turgon, dizendo que ele também está sujeito à Maldição de Mandos (pg. 100), contra todos os Noldor.
Face The Truth
Após dias de sofrimento marchando nos desertos de gelo, Fingolfin e seus seguidores chegam em Hithlum, ao norte da Terra-Média, e nessa hora surgiu a lua pela primeira vez e em seguida o sol nasceu flamejante no oeste, e todos os Noldor maravilhados se encheram de esperanças. Neste momento, Fingolfin desfraldou suas bandeiras azuis e prateadas e tocou seus clarins enquanto flores cresciam sob seus pés que marchavam (pg. 130). Este episódio é o fim das eras das estrelas e sobre isto é falado nesta faixa.
Noldor (Dead Winter Reigns)
Esta música retrocede um pouco na cronologia do livro e relata o sofrimento vivido pelos Noldor nas terras gélidas de Helcaraxë (pg. 103), logo após o fratricídio dos Teleri (pg. 99). Fala também da Maldição de Mandos que traçaria o destino dos Noldor e os conduziria à desgraça.
A quarta estrofe dessa música mostra Mandos se pronunciando perante os Noldor e os amaldiçoando por terem renegado os Valar e assassinado seus irmãos Teleri.
“(You) can’t escape
From my damnation
(Nor) run away
From isolation”
Os versos “Your homeless souls; Shall come to me” também são palavras de Mandos, pois ele é o Vala responsável pelos espíritos, e todos os elfos que morrem vão à ele aguardar por uma nova vida, em seus palácios localizados além dos limites de Arda.
A estrofe abaixo mostra o ponto de vista de Fingolfin logo após o fratricídio, no entanto estas palavras não foram pronunciadas de fato no livro.
“I’ve seen this bitter end
As I’ve foreseen
The storm and ice
And I could see it
(How) a million died
And I?
The blame’s on me
Cause I was not there”
Battle Of Sudden Flame
A Batalha das Chamas Repentinas (Dagor Bragollach) é a quarta das grandes batalhas travadas pelos elfos na Terra-média. Tem esse nome porque seu início foi marcado pelos enormes rios de chamas jorrados pelas Thangorodrim de Morgoth e pelas labaredas pestilentas expelidas pelas Montanhas de Ferro (pg. 188). A letra mostra reflexões de Fingolfin, então senhor supremo dos Noldor, preparando-se para a batalha, que por ter sido tão repentina, lhe causou grandes perdas.
Time Stands Still (at the Iron Hill)
Essa, que é uma das melhores músicas do Blind Guardian, fala também de um dos melhores momentos d’O Silmarillion (pra mim o melhor). Descreve o final da Batalha das Chamas Repentinas, quando Fingolfin, vendo suas terras devastadas, passa a crer que todos os Noldor estão derrotados e assassinados, e fica tomado por cólera e loucura incontrolável, que o faz cavalgar sozinho até os portões de Angband (pg. 191) desafiar o próprio Morgoth para um combate homem a homem. E dessa forma encontra sua ruína.
O refrão mostra a cavalgada de Fingolfin até os portões de Angband, sozinho e incontrolável, aterrorizando qualquer um que tentasse intervir em seu caminho, tamanha era sua fúria (pg. 191).
“Lord of all Noldor
A star in the night
And a bearer of hope
He rides into his glorious battle alone
Farewell to the valiant warlord”
Os versos “The Fate of us all; Lies deep in the dark” falam da situação que Fingolfin acreditava se encontrar, com todo o seu povo em ruínas.
As Montanhas de Ferro do título da música, citadas também no refrão, são as Ered Engrin, construídas por Morgoth em épocas passadas como uma cerca para sua antiga cidadela chamada Utumno (pg.143).
Os versos “I’ll dare you; Come out; You coward; Now it’s me or you” são as palavras pronunciadas por Fingolfin ao chegar nos portões de Angband. Ele os golpeia, faz soar sua trompa e desafia Morgoth chamando-o de covarde (pg. 191).
As próximas estrofes mostram que Morgoth não aceitou o desafio de bom grado, pois embora fosse mais poderoso que tudo, nessa hora ele sentiu medo (pg. 191 – 2). Porém, quando finalmente chega para o duelo, Morgoth brandindo seu martelo Grond, não pôde ser superado em combate, e embora ferido e jorrando um sangue negro e fumegante, levou o mais altivo e destemido dos reis élficos à morte (pg. 192).
“Slowly in fear
The dark lord appears
Welcome to my lands
You shall be damned”
“The iron crowned
Is getting closer
Swings his hammer
Down on him
Like a thunderstorm
He’s crushing
Down the Noldor’s
Proudest king”
The Dark Elf
O título desta faixa é bem claro quanto ao tema. O elfo-escuro do livro chama-se Eöl (pg. 163) e tem este nome porque é apaixonado pela noite e pela penumbra sob as estrelas, de modo que sempre evita a luz do sol. A frase “A dark seed of evil is grown” faz referência a seu filho Maeglin junto com Aredhel Ar-Feiniel, a Dama Branca dos Noldor, que embora fisicamente se parecesse com a mãe, tinha o temperamento e o raciocínio do pai. E tinha também a maldade em seu coração, o que fez com que futuramente causasse a queda de Gondolin.
Thorn
Esta dramática música continua falando de Maeglin, filho de Eöl com a Dama Branca dos Noldor. Fala de como almejou o trono de Rei de Gondolin quando soube que Turgon não tinha herdeiros (pg. 165) e conta também como seu coração se encheu de trevas quando não teve retribuído o amor que sentia por Idril Celebrindal (pg. 168). A letra desta música é repleta de metáforas e trechos de difícil assimilação com o enredo do episódio a que se refere.
A primeira estrofe fala do nascimento de Maeglin e de suas segundas intenções implicitamente sugeridas com relação ao trono de Gondolin.
“A black swan
Is born in that night
The misty pond
Got a new king
Got a new king”
A terceira estrofe mostra como Maeglin foi sendo conduzido à maldade, por não ter o coração de Idril Celebrindal. E por mais que sua vontade desde o início tenha sido sair das florestas onde seu pai Eöl o mantinha, envolto em escuridão, e chegar à Gondolin por estar maravilhado com todas as histórias que sua mãe havia contado sobre o próspero reino oculto, a maldade estava impregnada em sua linhagem e contra isso ele não pôde lutar.
“Oh, I’m trapped in darkness
Still I reach out for the stars
I’m moving in silence
I leave it all far behind”
O refrão refere-se a um possível momento de arrependimento de Maeglin, pela traição que cometera por ter revelado a Morgoth a localização exata do reino de Gondolin sob ameaça de tortura, e também em troca do domínio daquelas terras e a posse de Idril (pg. 308). O arrependimento não acontece no livro, porém é usado na música provavelmente para ilustrar a história de forma dramática.
Na estrofe abaixo é retratado mais uma vez o sofrimento de Maeglin por estar apaixonado. Cita também sua condição de filho bastardo, uma vez que seu pai Eöl, a quem ele já tinha renegado (pg. 166), havia sido executado (pg. 171) quando foi submetido ao julgamento do rei Turgon, pelo assassinato de Aredhel e pela tentativa de assassinato de seu próprio filho (pg. 170).
“I’m lost in the depth of his eyes I can’t flee
Inner pain caused insanity
It’s deep within
The fear and the hunger
Enslaved and denied by my love and my enemies
I’m the illgotten”
The Eldar
Esta música retrata os momentos finais da vida de Finrod Felagund, filho de Finarfin e senhor de Nargothrond.
Os versos “I’ve tasted poison; When I drank the wine of fate” mostram como Felagund, ainda que de forma amarga, aceita seu destino amaldiçoado, assim como é relatado no livro no momento em que ele renuncia ao trono: “E Felagund, vendo-se abandonado, tirou da cabeça a coroa de prata de Nargothrond e a lançou aos pés – Seus votos de lealdade a mim vocês podem quebrar, mas eu devo cumprir meu Juramento (pg. 214).”
Na mesma estrofe, os versos finais relatam sutilmente os momentos finais da vida de Finrod Felagund, o mais belo e mais amado da casa de Finwë, morto por um lobisobem nas masmorras de Sauron (pg. 219) em Tol-In Gaurhot (Ilha de Lobisomens).
“I realized too late
The house of spirits call”
Nom The Wise
Esta faixa continua a falar de Finrod Felagund, porém na perspectiva de Beren, o homem que também esteve preso no calabouço de Sauron (pg. 216). Assim que Finrod morre, Beren se lamenta profundamente, pois uma grande amizade havia entre eles, e o chama de Nom the Wise. Na linguagem dos homens, Nóm significa sabedoria, e foi assim que os primeiros homens que o conheceram o chamaram (pg. 175).
When Sorrow Sang
A história de Beren e Lúthien é de longe a passagem mais romântica do livro, e nesta música é mencionado o final da história, quando Beren vai em busca do lobo Carcaroth (pg. 233), O Goela Vermelha, que cresceu alimentado com carne viva pelas mãos do próprio Morgoth, adquirindo assim o seu poder. Em sua demanda, Beren pretendia recuperar a Silmaril que o lobo engolira junto com sua mão direita. Embora Carcaroth tenha sido abatido por Huan, o cão caçador de lobos, Beren sofreu um grave ferimento que o matou (pg. 235). E seu espírito que deveria deixar o mundo para sempre, permaneceu nos palácios de Mandos por mais tempo a pedido de Lúthien (pg. 235).
Na estrofe abaixo Beren percebe que foi morto e que está como espírito em um lugar onde não há mais esperanças.
“Where am I now
Beyond the dawn
(Where) hope’s turned to dust
At all”
O refrão relata o momento em que o espírito de Lúthien se ajoelha diante de Mandos e canta para ele a mais bela canção jamais criada em palavras, e a mais triste que o mundo um dia ouvirá. E no livro diz: “E, enquanto estava ajoelhada diante dele, suas lágrimas caíram sobre os pés de Mandos como chuva sobre as pedras. E Mandos se comoveu, ele, que nunca se comovera desse modo até entã, nem depois” (pg. 236).
“Caught in the afterlife
I’ve gone too far
When sorrow sang softly and sweet
The air was filled with tears
Full of sadness and grief
When sorrow sang softly and sweet”
E sobre a triste canção de Lúthien é que fala também o nome desta música: When Sorrow Sang
Out On The Water
Esta curta faixa fala sobre a moradia de Beren e Lúthien após retornarem à Terra-média para uma segunda vida com a condição de serem mortais, em Tol Galen, A Ilha Verde. Futuramente aquela região foi chamada de Dor Firn-i-Guinar, A Terra dos Mortos que Vivem (pg. 237).
The Steadfast
Morgoth narra neste momento a vitória conquistada na quinta grande batalha travada na Terra-média, Nirnaeth Arnoediad, as Lágrimas Incontáveis, na qual Húrin foi capturado por Morgoth e teve sua prole amaldiçoada (pg. 249), por se recusar a revelar os segredos do reino de Gondolin.
A Dark Passage
Esta música conta mais da perspectiva de Morgoth durante a quinta batalha, Nirnaeth Arnoediad. Fala também da aliança dos homens com os elfos durante a guerra, e novamente menciona o cativeiro de Húrin e o momento em que Morgoth o coloca em uma cadeira de pedra num local alto das Thangorondrin (pg. 249). E de pé ao seu lado, o amaldiçoa com as seguintes palavras: “Agora fica sentado aí; e contempla as terras em que o mal e o desespero se abaterão sobre aqueles que amas. Ousaste zombar de mim e questionar o poder de Melkor, Senhor dos destinos de Arda. Por isso, com meus olhos, verás; e com meus ouvidos, escutarás. E não sairás nunca deste lugar enquanto a maldição não atingir seu amargo final.” Este trecho é relatado na estrofe abaixo:
“Sit down on your chair
And look out for your kin
With my eyes you’ll see
And with my ears you’ll hear
You troubled my day
And you’ve questioned my strength
(But) Don’t mess
With the master of fate”
Final Chapter (Thus Ends…)
Esta narração não foi tirada de nenhum trecho do livro. É apenas uma forma que a banda encontrou de encerrar o álbum com palavras que resumem os acontecimentos da quinta batalha, sendo o principal motivo do desfecho, a traição dos homens de Uldor, que conduziu ao triunfo absoluto de Morgoth. Porém, ainda com alguma esperança para elfos e homens. O verso “The last vestige of hope lives in the hidden king” fala do reino de Gondolin que ainda permanecia escondido e, portanto, livre das ameaças de Angband, pelo menos neste momento.
Apesar de ser o capítulo final do CD, o livro vai muito além e conta diversas histórias que sucedem estes ocorridos, como a destruição de Doriath, de Gondolin, a queda de Morgoth, e também conta sobre a segunda e a terceira era da mitologia tolkieniana.
Harvest Of Sorrow (Faixa bônus da versão remasterizada)
Esta música mostra o final da história de Túrin Turambar que, por ser filho de Húrin, estava envolvido em sua sina, e sem ter conhecimento casou-se com a própria irmã Nienor. Tal acontecimento ocorreu devido a um feitiço do dragão Glaurung (pg. 278) que deixou Nienor em estado de amnésia, até que em dado momento, a despertou do feitiço levando-a ao desespero e à morte (pg. 285).
A primeira estrofe da música relata o lamento de Túrin por saber da morte da esposa, que se revelaria irmã.
“She is gone
Leaves are falling down
The tear maiden will not return
The seal of oblivion is broken
And a pure love’s been turned into sin”
A capa
A famosa e belíssima capa do álbum desenhada por Andreas Marschall retrata um dos momentos mais fantásticos do livro, quando Beren e Lúthien realizaram o maior feito jamais ousado por elfos ou homens. Ambos desceram pelas escadarias labirínticas de Angband até chegar diante do trono do próprio Morgoth, no salão mais profundo de todos. E lá, Beren em forma de lobo se esgueirou para perto de seu trono e Lúthien “começou uma canção de beleza tão insuperável e de tamanho poder de encantamento que Morgoth foi forçado a escutar” (pg. 227). E assim toda a corte foi lançada em um sono profundo.
A capa constrói esta cena de forma detalhada. Lúthien dança e canta com um brilho azul em frente o trono de Morgoth, que ostenta as três Silmarils brilhantes em sua coroa. Beren em forma de lobo está bem ao lado do trono e uma multidão de orcs os assistem catatônicos, até que adormeçam.
É sem dúvida uma das melhores capas de todos os tempos!
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Fonte: Blog Megalomania
Espero que tenham gostado.
Fiquem bem caros bardos!
And Then There Was Silence...