Fábio Honorio: O novo álbum do Blind Guardian acaba de ser lançado. Qual o resultado até o momento?
Marcus Siepen: Ainda não saímos em turnê para saber a resposta dos fãs em sua grande maioria. Pelo que ouvimos de pessoas mais próximas, o trabalho parece estar agradando. Isso nos deixa muito contentes e espero que essa reação seja geral entre todos os fãs da banda.
Marcus Siepen: Ainda não saímos em turnê para saber a resposta dos fãs em sua grande maioria. Pelo que ouvimos de pessoas mais próximas, o trabalho parece estar agradando. Isso nos deixa muito contentes e espero que essa reação seja geral entre todos os fãs da banda.
FH: A turnê de vocês começa dia 29 de março. Como é a vida em turnê? Muita coisa muda de uma turnê para outra ou é sempre a mesma coisa?
MS: Com certeza existe uma rotina em todas as turnês, mas sempre temos novidades também. Procuramos mudar as músicas de um show para outro. Não todas as músicas, mas algumas, apenas para não enlouquecermos tocando a mesma coisa por mais de um ano. Basicamente, temos os compromissos profissionais que envolvem a parte burocrática da banda, além das entrevistas, tardes de autógrafo e por aí vai. Mas, em geral, temos quase 20 horas livres por dia para sermos turistas e aproveitarmos uma determinada cidade e/ou local. Isso é bem legal, porque seria uma pena passar por tantos lugares interessantes e não conhecê-los um pouco mais.
FH: Vocês geralmente têm alguma pausa durante a turnê para descansar e ver a família?
MS: Sim. Definitivamente, isso é algo fundamental para uma banda, para os membros da banda manterem a sanidade. Geralmente, ficamos entre 16 e 18 meses longe de casa, então, precisamos estabelecer períodos com a família. É muito comum encontrarmos nossos familiares em determinada cidade que iremos tocar. Isso facilita bastante a logística de cada um (na banda). Minha esposa e meu filho costumam me encontrar em alguns shows e até festivais e isso me faz muito bem.
FH: Eu tenho duas perguntas de pessoas que apreciam o trabalho do Blind Guardian. Uma delas é a Ana Paula que, de fato, tem uma tatuagem do Blind Guardian. Isso demonstra que a banda tem uma grande importância na vida dela. Primeiramente, como você se sente sabendo que sua música influencia as pessoas e, muitas vezes, muda a vida de alguém ou leva uma pessoa a tatuar o nome da banda?
MS: Wow! Isso é o melhor feedback que alguém pode ter! É maravilhoso! Saber que sua música mexeu com alguém a ponto dessa pessoa tatuar o nome da banda, isso me causa arrepios. É inacreditável e a maior recompensa que um músico pode ter.
FH: A pergunta dela é:
O álbum A Twist in the Myth marca a estreia do baterista Frederik Ehmke, ocupando o posto deixado por Thomas Stauch. O que a entrada dele na banda trouxe de novo nas composições, na musicalidade da banda?
O álbum A Twist in the Myth marca a estreia do baterista Frederik Ehmke, ocupando o posto deixado por Thomas Stauch. O que a entrada dele na banda trouxe de novo nas composições, na musicalidade da banda?
MS: Frederik tem o estilo dele e trouxe características que ajudaram no som da banda. Ele procurou respeitar o que Thomas havia feito, interferindo sutilmente no trabalho do Thomas. Composicionalmente, a influência do Frederik é pouca. Ele não se envolve muito neste processo da banda. Não vejo muitos bateristas participando nas composições das bandas. O mais importante foi a relação pessoal e o carisma que ele trouxe. É mais importante ter alguém fácil de lidar ao seu lado do que ter um grande instrumentista com um temperamento difícil. Alguém que seja complicado de lidar.
FH: A outra pergunta é do Mário Linhares, vocalista da banda de heavy metal brasileira Dark Avenger e que também estará no Metal Open Air:
Como se pode notar claramente o Follow The Blind é bem diferente do Imaginations from the other side que, por sua vez, é bem diferente do Nightfall in Middle earth, que é bem diferente do At The Edge of Time, que incorpora muitos elementos de orquestra. O Blind Guardian é uma banda que sempre explorou várias vertentes e formatos em suas músicas e seus álbuns, mostrando uma evolução do trabalho da banda de um metal tradicional mais simples para músicas mais elaboradas com muita incorporação de elementos sinfônicos. O que pode vir depois disso? Onde você acha que a banda pode chegar em termos de inovação musical?
MS: Hummmm... Não sabemos para onde iremos, mas definitivamente será algo novo. Sempre fizemos e faremos questão de mudar em relação ao trabalho anterior. É importante para o nosso crescimento e para a sobrevivência da banda, não só entre nós (membros), mas entre os fãs. É extremamente saudável sair dessa zona de conforto.
FH: No álbum At The Edge of Time podemos perceber várias músicas orquestradas, assim como em algumas músicas de outros álbuns. Sacred Worlds apresenta uma orquestração muito bem elaborada. Qual a influência da música clássica na música de vocês?
MS: Ela é muito presente em At The Edge of Time, mas não é algo que faça parte do nosso cotidiano. Ela surgiu como uma ideia interessante e algo que gostaríamos de fazer nesse disco. Fomos lá e fizemos. O resultado nos agradou bastante.
FH: Música clássica fez parte da sua formação musical?
MS: Não. Eu certamente já ouvi e possuo alguns CDs, mas não fui influenciado musicalmente pela música clássica.
FH: Algum gênero musical de preferência?
MS: Não nenhum. Seja metal, rap, funk, pop, blues... Se for bom eu não terei preconceito algum em ouvir. Mas precisa ser coisa boa.
FH: Ouvi dizer que você é um skatista... (gargalhadas)
MS: As pessoas vivem me perguntando isso. Vou esclarecer: eu nunca andei de skate. Meu filho anda de skate e um dia perguntou se eu não gostaria de andar também. Me empolguei com a ideia e resolvi acompanhá-lo. Após algumas tentativas eu caí e quebrei minha perna. Depois disso eu nunca mais me arrisquei a subir em um skate. Podemos dizer que minha carreira de skatista durou duas horas (gargalhadas).
FH: Qual a sua opinião sobre o download de músicas?
MS: Eu não sou contra o download de músicas. Acredito que seja uma forma importante e eficaz de divulgar o trabalho de uma banda. Certamente muitos fãs do Blind Guardian baixam as músicas da banda, muitos outros compram os CDs. Muita gente não conhece a banda, baixa um disco, gosta e vai atrás do CD. Ou apenas fica com o disco que ele baixou. Eu não concordo com aqueles que baixam músicas aos milhares simplesmente para tê-las no computador e contar vantagem por aí dizendo que tem centenas de músicas no computador de graça. Gravar um disco leva muito tempo e consome muito dinheiro. Quando alguém baixa uma música, está prejudicando uma fonte de renda da banda e, se isso for feito por muita gente de forma indiscriminada, a tendência é vermos a "morte" de muitas bandas. De qualquer forma, eu não me oponho ao download desde que seja como forma de conhecer a banda ou sem a intenção de lucrar ou simplesmente baixar.
FH: Vocês têm muita experiência em grandes festivais. Quais são as expectativas para o Metal Open Air?
MS: Muito boas. As expectativas são ótimas. Estamos ansiosos para tocar no Brasil e reencontrar os fãs, além de ver alguns fãs pela primeira vez. Vamos ver muitas bandas boas e espero poder assistir alguns shows de bandas que farão parte do line-up do festival.