BG Brasil: Conte-nos sua história Felipe. Como você começou a criar capas de álbuns para bandas de Metal? Sua inspiração realmente foi Andreas Marschall?
Felipe: Eu fui criado em uma família que ama a arte, os meus pais fizeram dela uma parte fundamental dos meus estudos e maneira de ver o mundo. Desde muito jovem eu sempre frequentei aulas de arte e, finalmente, estudei Artes Visuais aqui em Bogotá.
Foi nesse momento que aprendi a amar ilustrações e, claro, como um fã de rock e metal, comecei a criar meus trabalhos artísticos inspirados pela música que eu gosto. Antes de me formar eu já estava criando ilustrações e capas de álbuns de bandas locais. Então, eu trabalhei alguns anos para a “Lucas Films” criando ilustrações comerciais para filmes como “Revenge of the Sith” e “Kingdom of the Crystal Skull”. Foi depois que comecei a criar capas de álbuns para bandas na Espanha, EUA e Alemanha e, de alguma forma, isso se tornou o meu meio de vida e eu venho fazendo isso nos últimos seis ou sete anos. Andreas Marschall é um dos muitos ilustradores que eu admiro e que me influenciaram. E por causa das bandas que eu trabalho e alguns elementos de minhas criações eu entendo porque as pessoas nos comparam, mas eu tenho meu próprio estilo. Também aprendi muito com outros artistas de fora do meio Metal como Stephan Martiniere, Hughes Adam, Mike Mignola e Travis Charest.
BG Brasil: Em quais projetos você está trabalhando atualmente?
Felipe: No momento eu estou finalizando a arte do “Memories of a Time to Come” do Blind Guardian, e assim que este estiver pronto eu tenho algum trabalho a fazer para o Rage e também para a nova banda de Luca Turilli. E assim que conseguir um pouco de tempo eu finalmente trabalharei na arte do primeiro álbum de minha banda, Vorpal Nomad, álbum de nome “Hyperborea”.
BG Brasil: Como e quando começou seu trabalho com o Blind Guardian?
Felipe: Eu acredito que foi na metade de 2009, quando Hansi me contou que havia começado as gravações do “At The Edge of Time”. Imediatamente após o lançamento desse álbum, nós começamos a trabalhar no “Memories of a Time to Come”. E espero que nossos trabalhos juntos estejam apenas começando.
Em resumo, eu consegui meu trabalho com o Blind Guardian porque eu enviava e-mails constantemente para a banda pedindo, por favor, para que me deixassem fazer uma amostra para a capa do próximo álbum, dizendo para acreditarem em mim, que eu era o maior fã do mundo e que eles não se arrependeriam. Até que eles disseram sim, outros ilustradores e eu poderíamos enviar ideias e amostras para a capa do novo álbum. Aproveitei essa chance ao máximo! Deixei de lado o que estava fazendo e comecei a trabalhar na nova capa, e funcionou! Eu amo trabalhar para as bandas que ouço e que tem boa música. O que posso dizer sobre trabalho é que, na vida, o único movimento correto a se fazer é trabalhar no que realmente te faz feliz.
BG Brasil: Sobre o misterioso “Guardião” nas capas dos álbuns do Blind Guardian, o que você pode nos dizer sobre ele?
Felipe: Ele é tão misterioso e tão legal para mim e para todos os fãs de Blind Guardian porque nós acreditamos que nós somos ele e vice-versa. O fato de não vermos seu rosto nos dá uma sensação de que ele pertence a nós e que somos nós dentro daquele capuz. A idéia de que ele pode transcender o tempo e espaço, porque ele parece o mesmo em qualquer cenário que você o localiza, foi a chave para que ele pudesse viajar para cada história dos álbuns e dimensões. Eu acredito que não saber de onde ele vem ou não conhecer a história em detalhes de quem está dentro do capuz é o que o torna ainda mais interessante e misterioso. Eu também acredito que quando eu morrer ele estará me esperando do outro lado para me levar para a próxima aventura.
BG Brasil: E sobre a arte do novo álbum, “Memories of a Time to Come”, o que ela representa? O que ela tenta transmitir?
Felipe: Ela representa frieza e ao mesmo tempo poder. No centro temos uma espécie de ritual que o “Guardião” está fazendo com suas amigas fadas, evocando sua máquina do tempo para voltar e revisitar as canções favoritas da banda que ele ama tanto.
BG Brasil: Ainda sobre a nova capa Felipe, como foi o trabalho entre você e a banda? De onde as ideias vieram?
Felipe: Como sempre a banda, especialmente Hansi, e eu levamos alguns dias ou semanas discutindo ideias relacionadas a cada novo projeto. Então, eu comecei a criar esboços a lápis em meu caderno com detalhes da nova capa. Com muitos desenhos em mãos, esperamos encontrar um que a banda realmente goste, ou a mescla de alguns. Uma coisa interessante sobre a nova capa é que, antes dessa, havia pelo menos quatro ou cinco diferentes opções que não foram escolhidas para a capa final. Algumas delas farão parte da edição especial.
E acredite em mim, será um álbum cheio de surpresas. De minha parte, eu tive que investigar todas as ilustrações dos álbuns anteriores para colocar elementos de cada um deles na arte do “Memories of a Time to Come”.
Na edição especial haverão imagens nunca vistas antes de quando a banda tinha outro nome inclusive.
BG Brasil: Quando o Blind Guardian anunciou oficialmente um novo projeto, todos pensaram que fosse o tão esperado “Orchestral Project”. Desde quando você tem conhecimento sobre este projeto e o que acha dele?
Felipe: Sobre o “Memories of a Time to Come”, eu sabia que a banda tinha em seus planos fazer uma coletânea com as melhores músicas desde quando começamos a trabalhar na arte do “At The Edge of Time”. Tudo que sei sobre o “Orchestral Project” é que será o maior projeto que já fizeram, e nada mais. Muitas vezes eu tento pegar pedaços de informações para matar minha curiosidade de fã. Tenho certeza que esse projeto será incrível, eles amam o que fazem!